Com a manutenção dos índices de inflação alta, a tendência é de que o Copom eleve mais uma vez a taxa de juros
Victor Meira - victor@jcconcursos.com.br Publicado em 01/02/2022, às 07h50 - Atualizado às 07h59
Responsável pela definição da taxa básica de juros, a Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne hoje (01) para discutir um eventual aumento nos juros. Caso isso aconteça, essa será a primeira vez em cinco anos que haverá uma Selic com dois dígitos. Entretanto, o anúncio da decisão será divulgado somente amanhã (02).
Motivado pela alta inflação nos últimos meses, as principais instituições financeiras do Brasil estimam que a Selic suba de 9,25% para 10,75% ao ano. Se o cenário econômico continuar neste ritmo, o Boletim Focus do Banco Central, que é a expectativa do mercado financeiro quanto a economia, indica que até o final do ano a taxa de juros suba até 11,75% ao ano.
Os próprios membros do Copom sinalizaram, na ata da última reunião, que a tendência era elevar a Selic em 1,5 ponto percentual aplicando uma política monetária contracionista devido a piora dos índices de preços. Desde setembro de 2021, os juros básicos são aumentados a cada reunião.
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Vale destacar que o manuseio da Selic é a principal ferramenta do Banco Central que tem o objetivo de controlar a inflação do país. Apesar deste ritmo intenso de aumento da taxa de juros, o Brasil ficou seis anos sem elevá-la. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano, em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até chegar ao menor nível da história em agosto de 2020, em 2% ao ano. Começou a subir novamente em março do ano passado, tendo aumentado 7,25 pontos percentuais até agora.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. É o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque juros mais altos encarecem crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica. Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
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Entretanto, as taxas de juros do crédito não variam na mesma proporção da Selic, já que ela é apenas parte do custo do crédito. Os bancos também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
*com informações da Agência Brasil
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