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Debandada de investidores da poupança impacta financiamento imobiliário para classe média

Somente em janeiro, os investidores retiraram da poupança um montante alarmante de R$ 20,1 bilhões a mais do que depositaram. Veja os principais motivos dessa mudança

Bancos têm menos capital para destinar a empréstimos no SBPE
Bancos têm menos capital para destinar a empréstimos no SBPE - Agência Brasil
Pedro Miranda

Pedro Miranda

redacao@jcconcursos.com.br

Publicado em 14/02/2024, às 08h02

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A recente debandada de investidores da poupança, a mais tradicional aplicação financeira do país, está deixando suas marcas não apenas na esfera econômica, mas também nos setores de financiamento imobiliário. O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), uma das principais fontes de recursos para financiamentos de imóveis destinados à classe média, está sendo afetado pela retirada persistente de recursos da caderneta de poupança.

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De acordo com dados recentes, somente em janeiro, os investidores retiraram da poupança um montante alarmante de R$ 20,1 bilhões a mais do que depositaram. Esse êxodo de investimentos vem ocorrendo de forma contínua nos últimos três anos, com a aplicação perdendo R$ 87,8 bilhões em 2023, R$ 103,2 bilhões em 2022 e R$ 35,4 bilhões em 2021.

O sistema atual obriga os bancos a destinar 65% dos depósitos da poupança ao SBPE, que cobre até 80% de imóveis no valor de até R$ 1,5 milhão, com juros limitados a 12% ao ano. Essa modalidade de financiamento, conhecida por seu histórico de baixo risco de inadimplência devido às prestações limitadas a 30% da renda do mutuário e prazos de financiamento de até 35 anos, agora enfrenta desafios significativos.

Rendimento cada vez mais baixo da poupança e variedade de opções no mercado são principais motivos dessa mudança

O especialista em direito imobiliário, Marcelo Tapai, ressaltou a Agência Brasil que o mercado imobiliário está passando por uma transformação estrutural em resposta à perda de interesse dos investidores pela poupança. Ele aponta para o rendimento cada vez mais baixo da poupança e para a crescente variedade de opções no mercado financeiro como principais motivos dessa mudança de comportamento dos investidores.

"A diminuição dos recursos na poupança é uma tendência irreversível. O mercado financeiro atual oferece opções muito mais simples e promissoras. Bancos de investimento populares permitem que pessoas físicas invistam em instrumentos financeiros com facilidade e com perspectivas de retorno mais atrativas. A poupança, por sua vez, tem se mostrado prejudicial, e a cada dia menos pessoas a consideram como uma opção de investimento viável", explica Tapai.

Com a redução dos recursos disponíveis na poupança, os bancos têm menos capital para destinar a empréstimos no SBPE. Como resultado, o número de lançamentos de unidades imobiliárias financiadas pelo SBPE sofreu uma queda significativa, estimada entre 20% e 30% no ano passado, conforme a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

A CBIC ainda não tem projeções para 2024, mas a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) prevê que o volume de crédito no sistema permanecerá estável em relação ao ano passado. Essas projeções são afetadas tanto pela retirada de recursos da poupança quanto pelos juros ainda elevados.

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