Os grupos de direitos humanos temem a redução de políticas que moderam o discurso de ódio online. Musk tem criticado as políticas de moderação do Twitter
Pedro Miranda* | redacao@jcconcursos.com.br
Publicado em 26/04/2022, às 20h24
A compra do Twitter por Elon Musk tem preocupado grupos de direitos humanos. O motivo é a possibilidade de ampliação do discurso de ódio no aplicativo, e o poder que a venda da empresa dará ao bilionário. A Anistia Internacional disse estar preocupada com qualquer possível decisão que possa enfraquecer a aplicação de políticas e mecanismos projetados para moderar o discurso de ódio online.
Michael Kleinman, diretor de tecnologia e direitos humanos da Anistia Internacional nos Estados Unidos disse que “a última coisa que precisamos é de um Twitter que voluntariamente feche os olhos para discursos violentos e abusivos contra usuários, particularmente aqueles mais afetados desproporcionalmente, como mulheres, pessoas não-binárias e outros".
Musk, que também é CEO das fabricantes de carros elétricos Tesla e SpaceX, tem criticado as políticas de moderação de conteúdo da plataforma.
O bilionário, que tem cerca de 84 milhões de seguidores no Twitter, disse que a empresa precisa se tornar um fórum genuíno para a liberdade de expressão. Em um comunicado após garantir o acordo de compra da plataforma nesta segunda-feira (25), Musk descreveu a liberdade de expressão como "a base de uma democracia em funcionamento".
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O autoproclamado "absolutista da liberdade", Elon Musk também preocupa a ONG Human Rights Watch. Em um e-mail à Reuters, Deborah Brown, pesquisadora e defensora da Human Rights Watch, disse que independentemente de quem é o dono do Twitter, “a empresa tem responsabilidades de direitos humanos para respeitar os direitos das pessoas ao redor do mundo que confiam na plataforma".
Deborah destacou ainda que a liberdade de expressão não é um direito absoluto. E que mudanças nas políticas, recursos e algoritmos, grandes e pequenas, podem ter impactos desproporcionais e às vezes devastadores, incluindo violência offline. “Então o Twitter deve investir esforços para manter seus usuários mais vulneráveis seguros na plataforma".
Anthony Romero, diretor executivo da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), disse após o anúncio do acordo que, embora Elon Musk seja membro da ACLU e um dos apoiadores mais importantes, “é muito perigoso ter tanto poder nas mãos de um único indivíduo”.
*Estagiário sob supervisão do jornalista Jean Albuquerque
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