Segundo o economista Joseph Stiglitz, a taxa de juros atual do Brasil é chocante e cita que o país sobrevive a “pena de morte”
Nesta quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom) irá definir a taxa básica de juros, a Selic, a partir das 18h. A expectativa dos analistas do mercado financeiro é que a taxa de juros continue no mesmo patamar atual de 13,75%.
Na avaliação do americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001, o Brasil sobrevive a uma “pena de morte”, com uma taxa de juros tão alta como a atual.
"O problema que todo mundo fala aqui no Brasil, já ouvimos várias vezes, é a taxa de juros. A taxa de juros reais [entenda abaixo] de vocês é realmente chocante. Os números que vocês estão falando a respeito (...) são um tipo de taxa de juros capaz de matar qualquer economia. Na verdade, eu acho notável que o Brasil tenha sobrevivido ao que normalmente seria uma pena de morte”, declarou o economista durante o seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século 21”.
Segundo Stigiltz, o Brasil sobreviveu apenas a este cenário por causa dos bancos estatais de desenvolvimento, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.
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Para a CNN Brasil, o economista e professor da FAC-SP, Rodrigo Simões, afirmou que os juros altos provocam um duplo efeito negativo: crédito para capital de giro mais caro para o comércio varejista e desaceleração da economia.
Ele aponta que o setor depende de crédito para girar o caixa, visto que as margens de lucro são baixas. Inclusive, na avaliação dele, essas operações mantém muitas empresas vivas no dia a dia.
Sem contar que o impacto no crédito também afetam os consumidores que têm menos incentivo para empréstimos e financiamentos, opções frequentemente utilizadas para a compra de bens como eletrônicos e eletrodomésticos.
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Além do comércio, a indústria também reclama do atual patamar de juros. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma nota, em janeiro, relatando que a decisão de manter os juros altos é “equivocada”.
A CNI justifica que a queda nos juros é justificada porque a inflação é transitória e que é preciso estimular o crédito para incentivar a retomada econômica.
“A decisão por um terceiro aumento expressivo da Selic vai de encontro a essa necessidade e desestimula a demanda ao aumentar o custo do financiamento de maneira significativa”, cita o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, na nota.
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