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Presidente Lula expressa preocupação com disputa territorial entre Venezuela e Guiana

'Não precisamos de guerra', afirmou Lula sobre disputa territorial entre Venezuela e Guiana. Governo dos EUA anunciou que aviões militares sobrevoarão a região de Essequibo

Estados Unidos entram em cena na disputa territorial da Venezuela e Guiana
Estados Unidos entram em cena na disputa territorial da Venezuela e Guiana - Agência Brasil
Pedro Miranda

Pedro Miranda

redacao@jcconcursos.com.br

Publicado em 07/12/2023, às 20h41 - Atualizado às 21h27

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Durante a abertura da 63ª edição da reunião de cúpula de chefes de Estado dos países do Mercosul no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou "crescente preocupação" com a situação em Essequibo, uma região da Guiana alvo de disputa territorial com a Venezuela.

Lula destacou que o Mercosul, composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, não pode ficar "alheio" à situação e sugeriu que o Itamaraty esteja disponível para sediar reuniões necessárias para mediar a questão. Ele enfatizou a posição do Mercosul como uma zona de paz e cooperação, ressaltando a importância de não permitir que a disputa territorial contamine o processo de integração regional ou ameace a paz e estabilidade na região.

Durante a reunião, Lula submeteu aos países integrantes do Mercosul uma minuta de declaração sobre o tema, que foi previamente acordada entre os chanceleres dos Estados participantes. Ele salientou a necessidade de utilizar as instâncias da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para buscar uma solução pacífica para a questão.

"Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Não precisamos de guerra, não precisamos de conflito. O que nós precisamos é construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver os nossos países", afirmou o presidente.

A tensão na região aumentou após o referendo realizado pela Venezuela no domingo (3) sobre a anexação de Essequibo, um território maior que a Inglaterra, atualmente controlado pela Guiana. O governo venezuelano reivindica a região como parte de seu país, intensificando as preocupações sobre a estabilidade na América do Sul.

Estados Unidos entram em cena na disputa territorial da Venezuela e Guiana 

O governo dos Estados Unidos anunciou que aviões militares sobrevoarão a região de Essequibo e outras áreas da Guiana em exercícios, marcando o primeiro movimento militar dos EUA na região desde o referendo realizado pela Venezuela  sobre a anexação de Essequibo. 

As operações, conforme a Embaixada dos Estados Unidos na Guiana, serão realizadas em conjunto com a Força Aérea guianense e integram as atividades regulares da parceria para "aperfeiçoar a segurança" local. A colaboração militar entre os dois países está em vigor desde o ano de 2022.

O governo dos EUA tratou o exercício como "rotineiro" em um comunicado, enquanto a Venezuela classificou a ação como "provocação".

Especialistas esclarecem significado desse movimento militar em meio ao aumento das tensões entre Venezuela e Guiana

O professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense, Vitelio Brustolin, disse ao g1 que o anúncio do exercício militar conjunto é um ato de dissuasão, uma estratégia militar para desencorajar agressões. Ao posicionar-se na Guiana, os Estados Unidos enviam um claro recado à Venezuela, indicando que o país não estará isolado em caso de conflito.

Brustolin considera improvável que o presidente venezuelano Nicolás Maduro opte por uma guerra contra a Guiana, dada a discrepância nas forças armadas dos dois países - a Guiana com 3.400 soldados e a Venezuela com mais de 340 mil. O baixo contingente de soldados guianenses é apontado como um dos motivos para a escolha de um exercício militar aéreo pelos EUA, que é mais rápido e viável de ser realizado com o pequeno contingente local, ainda carente de equipamentos.

O professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, Ronaldo Carmona, também destacou ao g1 que enxerga o gesto como parte de uma estratégia mais ampla para os EUA se estabelecerem de maneira estratégica na América do Sul. 

"Afinal, estamos em meio a uma escalada do conflito e logo depois do anúncio de uma série de medidas pelo governo Maduro anteontem como consequências do plebiscito. Ou seja, não há 'situação normal'", afirmou o professor ao g1.

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