O festival Lollapalooza foi surpreendido com fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, que resgatou cinco trabalhadores que atuavam em condições análogas à escravidão
Considerado um dos maiores do mundo, atraindo cerca de 100 mil pessoas por dia, o festival Lollapalooza foi surpreendido com fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, que resgatou cinco trabalhadores que atuavam em condições análogas à escravidão.
Na edição anterior, o festival de música movimentou mais de R$ 420 milhões. Neste ano, lotou 80% da rede hoteleira da cidade de São Paulo. Ainda assim, cinco colaboradores que prestavam serviço de logística de bebidas para o festival e estavam em regime de informalidade, dormindo no chão ou sobre pallets (estrados} de bebidas, sem energia elétrica, colchão e sem receber equipamentos de proteção individual (EPIs).
Eles foram contratados como carregadores pela empresa Yellow Stripe, uma empresa terceirizada contratada pela Time For Fun, que organiza o Lollapalooza no Brasil, e receberiam R$ 130 por dia de trabalho, mas acabaram sendo vítimas de jornadas extenuantes, que chegavam a 12 horas por dia.
Os trabalhadores resgatados eram obrigados a dormir no local, entre os pontos de estoque de bebidas, para fazer a vigilância da carga. A empresa sequer disponibilizava papel higiênico ou sabonete para os contratados. De acordo com a fiscalização, três deles tinham colchonetes, que trouxeram de casa, e os demais dormiam sobre papelões e madeirites.
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Em entrevista à TV Brasil, o auditor fiscal do Trabalho Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, disse que a situação encontrada no local era “extremamente grave”. Segundo Krepsky, o conjunto de irregularidades trabalhistas flagrado foi considerado “uma condição grave e degradante de trabalho”.
A reportagem da Agência Brasil tentou contato com a empresa terceirizada Yellow Stripe, que administra o serviço de bares do evento, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Já o Lollapalooza informou que, diante dessa constatação, encerrou a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e se certificou que todos os direitos dos cinco trabalhadores fossem garantidos.
Mais de 9 mil pessoas trabalharam diretamente no festival, que ocorreu de sexta (24) até hoje (26), e mais de 170 empresas prestadoras de serviços foram contratadas para a realização desta edição do evento.“A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas”, disse a empresa, em nota.
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Neste ano, em todo o Brasil, até o dia 7 de março, autoridades resgataram 523 vítimas de trabalho análogo à escravidão. Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, considera-se trabalho em condição análoga à escravidão a que resulte das seguintes situações, em conjunto ou isoladamente:
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Caso você saiba de alguém que está sendo vítima dessa situação, denuncie de forma online por meio do site do Sistema Ipê, lançado em 2020 pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Após acessar a página, basta clicar no botão azul para realizar a denúncia. O sigilo é garantido, portanto não é preciso temer represália.
Outra opção é o Disque 100, o canal de atendimento do Disque Direitos Humanos. A própria vítima ou qualquer pessoa que tenha conhecimento sobre o fato pode ligar para esse telefone. O Disque 100 não cobra taxa pela ligação, que pode ser feita de forma totalmente gratuita, seja de celular ou telefone fixo.
O atendimento é feito 24 horas por dia, todo dia, incluindo finais de semana e feriados. É possível denunciar de maneira anônima e também é disponibilizado o telefone 99656-5008 para envio via Telegram ou WhatsApp.
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