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Entretenimento: uma arma contra a evasão

A Universidade da Califórnia Irvine, nos Estados Unidos, em parceria com a emissora AMC, criou um curso on-line relacionado à série sobre zumbis “The Walking Dead”

Sabrina Machado
Publicado em 27/01/2014, às 15h11

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Hoje em dia os jovens, principalmente, possuem a necessidade de estarem conectados à internet, seja por meio do celular, tablet, notebook ou computador. Aliada a isso há outra paixão: os seriados televisivos. Muitos desses apaixonados não veem a hora de chegar aquela tão esperada season finale (último episódio) da temporada que acompanham.
Pensando nisso, a Universidade da Califórnia Irvine, nos Estados Unidos, em parceria com a emissora AMC, criou um curso on-line relacionado à série sobre zumbis “The Walking Dead”. A ideia foi concretizada em outubro de 2013 e os professores tornaram-se responsáveis por ministrar aulas acadêmicas baseadas nos temas dos capítulos mais recentes do seriado. Que a iniciativa despertaria interesse dos alunos ninguém tinha dúvidas, mas fica uma pergunta no ar: é possível aprender conteúdo acadêmico desta forma? 
Mais capítulos Aliar conteúdo televisivo às aulas não é novidade por aqui. “No Brasil, desde a década de 1970, foram realizadas diferentes experiências articulando programas televisivos e educação a distância. Entre elas, novelas educativas e telecursos dirigidos à educação básica. Atualmente, a Univesp TV também utiliza seriados produzidos em outros países como recursos de ensino para a EAD”, explicou Alda Luiza Carlini, doutora e professora titular da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
O especialista na área de educação a distância, João Vianney, também destacou as experiências nacionais. “Tivemos nas décadas de 1990 e 2000 séries muito especiais de EAD com uso de recursos televisivos. O Telecurso 2000, patrocinado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e produzido pela Fundação Roberto Marinho, ganhou todos os prêmios possíveis mundo afora”, afirmou Vianney, que é consultor de ensino a distância e diretor do Blog do Enem (www.blogdoenem.com.br).
Segundo o especialista, a busca de “audiência de massa” nos cursos a distância teve nos Estados Unidos e no Canadá uma vitrine mundial entre 2011 e 2013 com os MOOCs (Massive Online Open Courses). Trata-se de cursos gratuitos focados em determinados conteúdos que chegaram a mais de 100 mil inscrições em muitos casos. “Porém, depois do sucesso quantitativo, a questão agora é saber quantos de fato aprenderam o que foi ensinado. A dúvida foi tão fundo na alma das universidades que agora, para 2014, a nova onda se chama SPOCs (Small Private Online Courses), que nada mais é do que oferecer cursos a distância para pequenos grupos e com tutoria intensiva para se chegar a resultados de aprendizagem mais efetivos”, exemplificou Vianney.  
A vilã da história De acordo com dados do Censo EAD.br 2010, o maior obstáculo para este tipo de ensino é a evasão dos estudantes. “As duas principais causas são a dificuldade de adaptação de uma parte dos alunos às exigências de disciplina e dedicação que esta modalidade requer e a falta de um sistema estruturado de apoio tutorial ao aluno”, esclareceu João Vianney.
Além desses motivos, a professora Alda aponta um terceiro: “as dificuldades pessoais de organização do aluno para o estudo individual, em função dos estímulos (distração) oferecidos pelo computador e pela internet, e da falta do “olhar do outro” (professor ou tutor), controlando sua atividade”.
Alguns antídotos A disputa entre as mantenedoras educacionais por novos estudantes é acirrada e “este novo cenário criou nas instituições a necessidade de 'cuidar dos alunos' com uma atenção qualificada para evitar a evasão desde o início de cada semestre”, elucidou Vianney.
Para a professora Alda, existem três pontos importantes que devem ser considerados para evitar a evasão. O primeiro diz respeito à apresentação inicial da proposta do curso aos alunos, com explicitação das demandas e necessidades acadêmicas, enfatizando o que se espera do aluno. O segundo engloba a integração dos alunos para o fortalecimento do grupo e promoção de auxílio e colaboração mútua nas atividades coletivas. Já o terceiro está na atuação consistente do tutor junto aos alunos, estimulando a participação; atendendo dúvidas e dificuldades; e realizando devolutivas de desempenho (feedback) nas atividades e trabalhos.
Season finale Respondendo à pergunta do início da reportagem, os especialistas acreditam que é possível aprender conteúdo acadêmico em atividades ligadas ao entretenimento, como os seriados televisivos.  Mas é preciso ter cuidado ao mesclar essas duas vertentes. 
De acordo com a professora Alda, essas atividades precisam estar articuladas a propostas pedagógicas consistentes, instigantes e bem mediadas pela ação do professor ou tutor, de forma a provocar questionamentos e reflexões, ou seja, aprendizagens significativas.
“Todas as experiências são bem-vindas e precisam ser acompanhadas por um período para ver se deram mesmo resultado educacional. Ao criar cursos vinculados a grandes produtos da mídia pode ser possível atrair um grande número de alunos. Se isto contribuir para disseminar fundamentos científicos, melhor”, finalizou Vianney. 
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