Lei obriga inclusão de disciplina música nos níveis fundamental e médio.
Publicada no Diário Oficial da União em agosto deste ano, a Lei nº 11.769 altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e torna obrigatório o ensino de música no ensino fundamental e médio.
De acordo com o texto, todas as instituições, públicas e particulares, terão de acrescentar a disciplina em suas grades curriculares no prazo máximo de três anos.
Atualmente, a música é um conteúdo optativo na rede de ensino, a cargo do planejamento pedagógico das secretarias estaduais e municipais de educação. No ensino geral de artes, a escola pode oferecer artes visuais, música, teatro e dança.
Com a nova legislação, a disciplina de música passa a ser o único conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, ou seja, o planejamento pedagógico deve contemplar as demais áreas artísticas.
Entrevista
Para falar sobre a carreira de Música, a seção “Profissões & Cursos” do JC&E convidou a professora Aída Machado (foto), pianista, coordenadora pedagógica do curso superior de Música da Faculdade Cantareira (www.cantareira.br) e da ULM – Universidade Livre de Música (www.ulm.org.br), escola ligada ao Centro Tom Jobim – referência na formação e difusão musical.
Entre outros assuntos, ela fala sobre a nova lei e sobre as possibilidades de ingresso do Músico no mercado de trabalho. Confira, a seguir, os principais trechos da conversa.
JC&E – A nova Lei nº 11.769 torna obrigatório o ensino de música no ensino fundamental e médio. Você acredita que essa medida fará com que haja um aumento da demanda por profissionais de Música?
Profª Aída – Não necessariamente. O ensino de música na escola regular, com um plano pedagógico sabiamente orientado por meio de discussões pertinentes e profundas a respeito do significado da inclusão da música no ensino fundamental e médio, propiciará um alargamento na dimensão cultural do cidadão e no contato com uma linguagem especial, a da Arte. O profissional em música deverá passar por uma preparação específica. Evidentemente, ao disponibilizar esta iniciação à linguagem musical, a escola regular poderá abrir um novo olhar perceptivo aos alunos.
JC&E – E como está o mercado de trabalho para Músicos?
Profª Aída – Profícuo [vantajoso], mas depende da área de atuação. No setor de performance em orquestras, bandas ou coros, deverá fazer as provas para entrada nos grupos quando estes abrem vagas para novos músicos. Na área da música popular, há as big bands [bandas], as orquestras de música popular, os pequenos grupos ou bandas em casa de show ao vivo ou uma carreia-solo.
Há também a área ligada aos estúdios de gravação com várias possibilidades, como as citadas anteriormente. Acima de tudo, é preciso que o músico tenha uma excelente formação e continue sempre se especializando e aprimorando. Aliás, isso é como em qualquer outra área do conhecimento humano.
JC&E – Quais as áreas de atuação?
Profª Aída – É vasto o território de atuação do músico em muitas vertentes: orquestra, banda sinfônica, canto, grupos populares, em bares, casas noturnas, gravação em estúdio, composição de jingles, arranjadores, como professores em escolas de música e universidades, em peças teatrais, bandas e orquestras em igrejas, agências de publicidade, representações comerciais etc.
JC&E – Qual é o perfil necessário para quem quer se tornar Músico?
Profª Aída – É preciso gostar de música e, mais importante, tem que gostar de estudar música. A disciplina, a dedicação, concentração e disponibilidade para estudar todos os dias são fundamentais para o desenvolvimento de um trabalho musical. É absolutamente enganoso o pensamento de que fazer Arte depende somente do talento e aptidão. Isso é relevante, mas é apenas o primeiro estímulo. Sem o envolvimento total e investimento pessoal, nada realmente acontecerá.
JC&E – Fale sobre os cursos na área de Música.
Profª Aída – Existem cursos técnicos e universitários. Em São Paulo, há escolas públicas que oferecem o ensino da Música em nível técnico, caso da ULM e da Escola Municipal de Música. Já os cursos universitários, também públicos, são oferecidos por instituições como USP e Unesp. Há, ainda, cursos nos níveis técnico e superior em instituições privadas.
A formação técnica tem duração dependendo do curso ou do instrumento escolhido. Os cursos universitários variam entre três e seis anos, sendo os mais longos na área de composição e regência.
Segundo dados do MEC em 2006, há 42 cursos superiores de formação de professor de música (licenciatura), 48 de graduação, quatro somente de instrumento e três somente de composição e regência.
JC&E – Como iniciar, profissionalmente, nessa área?
Profª Aída – É preciso possuir uma excelente formação musical e cultural, ter paciência e persistência no estudo de música. É fundamental não pular as fases de preparação profissional na área artística. O crescimento [na carreira] demanda certo tempo.
Recomendo que o profissional invista em cultura geral, vá a concertos e shows de bons músicos, adquira a bibliografia específica, gravações etc.
Rogerio Jovaneli/SP Siga o JC Concursos no Google News
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