Embora o Salário Mínimo 2022 tenha o maior reajuste dos últimos seis anos, economistas apontam que este aumento não será real
Victor Meira - victor@jcconcursos.com.br Publicado em 22/12/2021, às 09h58
O texto do relator do Orçamento 2022, de autoria do deputado Hugo Leal (PSD-RJ), apresenta o novo valor do Salário Mínimo 2022. Segundo o relatório, a remuneração será atualizada para R$ 1.210, um reajuste de 10,04%. Este aumento representa a maior variação de um ano para outro desde 2016, quando o governo Dilma Rousseff promoveu um aumento de 11,6%. Em novembro, o JC Concursos já antecipou que os números estariam próximos aos apresentados pela Câmara dos Deputados.
O reajuste anual do salário mínimo é calculado de acordo com a inflação oficial do país. Apesar do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) ser a principal referência sobre estudos de inflação no Brasil, o governo utiliza outro indicador para realizar a alteração no salário mínimo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o INPC do mês de dezembro. De acordo com o órgão federal, o INPC acumulado no ano é 9,36% e dos últimos 12 meses é de 10,96%. Portanto, o índice base está acima do proposto pelo deputado Hugo Leal.
Mesmo sem aumento real (acima da inflação), o valor exato do salário mínimo só será conhecido no fim de janeiro, após a divulgação do INPC consolidado de 2021. Assim, o valor do salário mínimo pode ser atualizado mais uma vez.
Apesar do aumento do salário mínimo ser o maior dos últimos anos, isso não significa que este crescimento irá melhorar as condições de vida dos brasileiros devido à falta de ganho real.
Os economistas explicam que a atualização com base na inflação é para manter o nível de compra da remuneração mínima, uma vez que a inflação diminui o consumo das famílias. Portanto, o ganho real ocorre apenas quando o reajuste fica acima da inflação.
O Ministério da Economia explica que o reajuste não pode ser acima da inflação porque o governo não tem os recursos necessários e isso geraria uma crise fiscal, além do rompimento do teto de gastos.
Em relação ao Estado, o reajuste no salário mínimo afeta o pagamento das aposentadorias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Visto que os segurados recebem os seus benefícios conforme o piso nacional. Assim, o governo estima que a cada real aumentado, haverá custo de cerca de R$ 315 milhões aos cofres públicos.
*com informações da Agência Brasil
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