Inflação de alimentos deve atingir 12% este ano, acima do IPCA, o que deve agravar ainda mais o cenário de fome no país; mulheres são as mais atingidas
Pedro Miranda* | redacao@jcconcursos.com.br
Publicado em 25/05/2022, às 17h00
O Brasil tem vivido tempos difíceis nos últimos anos, e um dos indicadores é o aumento da fome. No final de 2021, a falta de acesso a alimentos no país superou pela primeira vez a média global. As mulheres, famílias mais pobres e pessoas entre 30 e 49 anos, em geral com com mais filhos, são as mais afetadas. Um cenário que compromete a geração atual de crianças brasileiras.
Desde 2014, ano em que a economia entrou em recessão com a ex-presidenta Dilma Rousseff (2011-2016), o índice de insegurança alimentar, que mede a fome da população brasileira, dobrou e registrou crescimento mínimo desde então. Os dados são da pesquisa global Gallup realizada desde 2006 em cerca de 160 países.
Essa taxa saltou de 17% em 2014 para 36% no final de 2021, segundo dados da Gallup analisados no Brasil pelo Centro de Políticas Sociais do FGV Social. Pela primeira vez superou a média global (35%), a partir de 125 mil questionários aplicados globalmente.
Entre os 20% mais pobres dos brasileiros, 75% responderam que não tiveram dinheiro para comprar comida nos últimos 12 meses. Entre as mulheres, foi de 47%; para as de 30 a 49 anos, foi de 45% – acima da média global.
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A pesquisa, que começou no final de 2021, não conseguiu capturar um novo aumento nos preços dos alimentos este ano, especialmente após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, grandes produtores de trigo e milho.
O diretor do FGV Social, Marcelo Neri, afirma que os altos níveis de fome entre as mulheres e faixa etária "têm efeitos de longo prazo preocupantes por causa do maior número de crianças envolvidas e da desnutrição entre elas”.
Outro ponto que impressiona nos dados, de acordo com Marcelo, é o grave aumento da desigualdade na insegurança alimentar. Entre os 20% mais pobres no Brasil, o nível é próximo dos países com maiores taxas, como Zimbábue, 80%. “Já os 20% mais ricos experimentaram queda para 7%, ficando pouco acima da Suécia, país com menos insegurança alimentar”.
Segundo projeções da consultoria MB Associados, a inflação de alimentos deve atingir 12% este ano, bem acima do IPCA, o que deve agravar ainda mais o cenário de fome no país. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, lembra que embora tenha havido alguma desaceleração nos preços das commodities metálicas devido à perspectiva de desaceleração na Europa, China e EUA.
"Os preços dos alimentos segue outra dinâmica, com pressões persistentes e descoladas dos índices de atividade", destaca Sérgio.
Estagiário sob supervisão do jornalista Jean Albuquerque
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