De acordo com um estudo do Grupo Rabbit, o valor médio dos salários dos professores da rede particular é de R$ 2,6 mil
Os professores da rede particular de ensino têm salários inferiores ao piso nacional do magistério em escolas públicas, que está em R$ 3.845. Os docentes que atuam na educação infantil recebem uma remuneração média de R$ 2.250. Os dados foram revelados pelo Grupo Rabbit, que presta consultoria em gestão educacional.
O estudo foi feito entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, de forma amostral, com 332 escolas com perfis diversos.
Para professores do ensino Infantil e do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, em média os salários são de R$ 2.250 a R$ 2.638, respectivamente, para jornadas integrais, de 40 horas semanais.
No ensino médio e nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, os salários são baseados em valores por hora/aula. A média da hora/aula para o ensino fundamental gira em torno de R$ 22 e, para o ensino médio, cerca de R$ 30.
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"Isso desestimula o ingresso de novos profissionais. Ninguém quer ser mais professor, por isso que se tem dificuldade de contratação de [professores de] algumas matérias", diz o presidente executivo do Grupo Rabbit, Christian Coelho. "A carreira não é estimulante", acrescenta.
Na rede privada, segundo o coordenador nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Gilson Reis, os professores enfrentam situações de baixa remuneração e ausência de plano de carreira.
"Na verdade é um mito que foi construído no Brasil para falar que escola privada paga mais que escola pública. Lógico que tem escolas privadas nas regiões mais ricas do país e nos bairros mais ricos que têm um salário diferenciado, mas a média salarial dos professores da rede privada é abaixo da da rede pública", diz Reis.
A situação, de acordo com ele, piorou na pandemia. "O que ocorreu foi um ataque avassalador dos direitos trabalhistas da profissão do professor", diz e acrescenta: "Na medida que a escola privada perdeu alunos, ela impôs um sacrifício ainda muito maior aos professores. Houve redução de salários, houve redução de direitos que eram conquistados nas convenções coletivas. Tivemos uma aceleração extraordinária da precarização do trabalho, da redução de direitos e redução de salários em todo o Brasil".
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Segundo os últimos dados oficiais de remuneração dos docentes, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em média, os professores da rede privada recebiam, em 2018, R$ 3.399,19 brutos, por 40 horas de trabalho semanais. A média da rede pública - considerando as escolas municipais, estaduais e federais - era R$ 4.585,53 brutos.
Grande parte das escolas particulares cobram mensalidades entre R$ 301 e R$ 900, o equivalente a 48% das instituições participantes. Outras 13% das escolas cobram mensalidades de mais de R$ 1,5 mil.
Coelho salienta que a pandemia fez com que muitas escolas tivessem que negociar as mensalidades com os pais e responsáveis. Para 61% das escolas, os custos aumentaram em relação ao cenário pré-pandemia e para 66% a lucratividade diminuiu.
A maioria, 70%, tem alguma dívida. A média de lucratividade dessas instituições é de 11%. "Para uma prestadora de serviço, é muito baixo. Qualquer deslize, ela quebra. Qualquer demissão de pessoa mais antiga, qualquer investimento necessário, tira essa lucratividade. São empresas com risco gigantesco", analisa Coelho.
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Segundo Coelho, as perdas de poder aquisitivo dos brasileiros, que vêm desde antes da pandemia e foram ainda mais intensificadas nos últimos dois anos, impactam diretamente as escolas particulares. Muitos alunos acabam migrando para a rede pública porque os pais não conseguem manter as matrículas nas instituições privadas. As perdas de receita acabam impactando o salário dos professores.
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