A síndrome de Burnout, um transtorno que acomete cada vez mais das pessoas, é um grande vilão no mercado de trabalho; exercícios físicos podem ajudar
Douglas Terenciano | douglas@jcconcursos.com.br
Publicado em 05/07/2021, às 15h09 - Atualizado às 15h14
O mercado de trabalho não só exige habilidades profissionais, mas também equilibrio mental para lidar com as rotinas do dia a dia. Com a pandemia, muitos trabalhadores ficaram ainda mais ansiosos e/ou sobrecarregados de tarefas, deixando-los com a popular síndrome do Super-homem ou da Mulher Maravilha. É assim que muitos especialistas enxergam o Burnout, um transtorno que acomete a maioria das pessoas que tem um nível de exigência e perfeição acima da média.
De acordo com Daniele Costa, especialista em gestão de pessoas, mentora, palestrante e facilitadora em desenvolvimento integral humano, as características mais comuns encontradas em quem sofre essa síndrome são: ter de provar o seu valor o tempo todo, dificuldade em se desligar do trabalho, dificuldades em relaxar e ter momentos de prazer e lazer, dificuldades em socializar, constante insatisfação consigo e com os outros (nunca está bom o bastante), fuga de problemas pessoais e situações mal resolvidas na vida, dificuldades em alinhar vida profissional e pessoal, mudanças repentinas de comportamento, humor inconstante, dificuldades em dizer não e assumir responsabilidades além do que cabe à pessoa, entrando muitas vezes em situações abusivas.
“E assim, vivenciando esse ciclo, a pessoa chega em uma estafa física e mental, levando muitas vezes a realizar as coisas de forma automática, perdendo o prazer e conexão com a própria vida”, afirma Daniele.
A especialista explica que muitas pessoas têm vivido algumas dessas situações, principalmente por conta da pandemia, uma vez que o olhar para a vida profissional exigiu ainda mais responsabilidade e organização com a migração para o home office, onde a vida pessoal está ali comandando também. “Para as mulheres, então, em que, neste período, dar conta de tudo é quase adjetivo, a síndrome fica ali à borda”, completa.
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Daniele orienta que para evitar o desgaste extremo, é muito importante ter momentos de conexão consigo mesmo, tirar alguns minutos para olhar para si, seja por meio de uma atividade física, meditação, yoga, alimentação saudável, terapias ou conexão espiritual. “O simplesmente parar e relaxar, ainda que seja difícil, já leva a outro espaço de conexão, reorganização mental, priorização de valores que fazem sentido”, salienta.
Esse comprometimento com o corpo, mente e espírito deve ser diário e leva à desconexão dessa matrix de trabalho e corporativa, que muitas vezes cria dissociação da realidade e da vida. Daniele ressalta que “é muito importante também que práticas de bem-estar sejam adotadas pelo próprio ambiente corporativo a fim de evitar que a síndrome de burnout acometa os colaboradores”.
Daniele alerta que o esforço pode ser de ambos os lados, ou seja, do empregado e também do empregador. “Por mais que exista a autorresponsabilidade, acredito ser importante a cooperação da empresa a fim de evitar o aumento de absenteísmo e alta rotatividade, mantendo assim os níveis de produtividade e satisfação”, diz.
Já para quem sofre da síndrome, o mais importante é mudar as lentes, começar a se colocar em primeiro lugar, percebendo e acolhendo as imperfeições. Além disso, criar um novo mindset de que está tudo bem não dar conta de tudo e não ser o melhor em tudo, revisitando as definições de sucesso que tem para si. “A proposta é destruir modelos e padrões que levam a pilotos automáticos exaustivos e irreais, abrindo espaços para novas possibilidades de vida que nem haviam sido cogitadas por conta da procrastinação da própria vida, em se deixar para depois”, comenta Costa.
Outra dica é identificar o que vem causando as emoções negativas e estresse, de forma a trabalhar e mudar o que não está contribuindo para uma vida mais plena e realizada. “Nem sempre será possível realizar essas mudanças sozinho, então recomendo a ajuda profissional de psicólogos, terapeutas, psiquiatras, coaching ou mentoring a fim de criar esse novo mindset e estilo de vida mais saudável”, finaliza Daniele.
O excesso de trabalho deixa muitos profissionais extressados, com redução da qualidade do sono, ansiedade, depressão, falta de autoestima, dentre outros sitomas comuns em pessoas se sentem infelizes com suas rotinas. Vale destacar que exercícios físicos podem ajudar esses trabalhadores a terem uma vida mais prazerosa e crescerem profissionalmente.
Tomás Camargos, sócio fundador da VIK, startup que promove saúde nas empresas por meio da gamificação, explica que a falta de exercícios traz uma série de malefícios para as pessoas e, consequentemente, para as empresas. "Com este cenário, muitas organizações buscam programas bacanas de saúde, que proporcionam interação e saúde para os membros da equipe e, ao mesmo tempo, é uma medida muito estratégica para o setor de recursos humanos, onde conseguem mudar o comportamento dos colaboradores", complementa.
Ainda de acordo com Tomás, hoje, o custo com o plano de saúde e absenteísmo é altíssimo para as empresas, por isso, propostas que promovem a saúde por meio de atividades físicas tem sido uma alternativa para as organizações. "Pessoas que estão mal fisicamente e mentalmente faltam demais ao trabalho, sem falar no clima organizacional que fica péssimo, o funcionário se sente indisposto para chegar ao trabalho ou até mesmo em uma reunião. A pessoa que está bem entrega mais resultados e, consequentemente, performa melhor", pontua.
Abaixo, o especialista lista cinco vantagens que a atividade física proporciona para o rendimento profissional. Confira:
1) Saúde - Esse é o primeiro ponto. Já é mais do que sabido que atividades físicas previnem doenças do corpo e da mente. Por isso, com a mudança do mercado de trabalho atualmente, em que a concorrência está cada vez maior, as empresas buscam formas de oferecer os exercícios para os seus funcionários, proporcionando um ambiente mais feliz. "Para os empresários, quanto menos estressados e mais engajados os colaboradores se encontram, melhor, pois irão gerir um lugar prazeroso e, ao mesmo tempo, diminuirão os custos com plano de saúde e o alto índice de turnover", conta.
2) Disciplina com as atividades - Funcionário disperso, que vive no famoso 'mundo da lua' também é comum dentro das empresas. Isso geralmente acontece pela falta de um sono de qualidade, preocupações com o futuro, entre outros fatores. Assim, o esporte também agrega para o desenvolvimento da disciplina e foco, já que muitas modalidades exigem a atenção do praticante. "Se você vai praticar natação, por exemplo, terá que focar nos movimentos e no tempo para ganhar a corrida, o mesmo acontece para quem pratica dança, que precisa seguir os passos da coreografia no mesmo ritmo da música. Todos os esportes exigem um mínimo de atenção, melhorando diretamente no foco e no ambiente de trabalho", exemplifica Tomás que é amante do esporte.
3) Autoestima - Muitas vezes, as pessoas se sentem para baixo, sem vontade de se olharem no espelho por não gostarem daquilo que estão vendo. Ao mesmo tempo, um sentimento de culpa por saber que existem formas de melhorar aquela sensação, mas, na verdade, não estão fazendo nada para acabar com ela de uma vez por todas. Além de atingir totalmente as relações pessoais, a falta de autoestima também pode prejudicar os aspectos profissionais, já que a pessoa não se sentirá capaz de enfrentar um problema, conduzir uma reunião e por aí vai.
"Os exercícios como futebol, musculação, luta ou qualquer outro liberam o hormônio do prazer, que faz com que as pessoas se sintam mais dispostas, melhorando a autoestima. Eu sempre falo que quando começamos a praticar atividades físicas, não conseguimos mais parar, pois começamos a encarar como um hábito, gera um empoderamento que também afeta outros aspectos da vida. É preciso apenas de um empurrão para encontrar a melhor versão", comenta Tomás.
4) Produtividade - Você já sentiu um cansaço e uma preguiça só de pensar nos problemas de trabalho que vai ter que enfrentar durante o dia? Ou pior, já teve a sensação de que o dia tem apenas 10h? Pois é, não conseguir gerir o tempo de acordo com as atividades é um dos principais problemas que as empresas enfrentam. Longas jornadas de trabalho com poucos resultados, falta de descanso, salário baixo por conta da crise econômica, tudo isso leva a uma vida estressante e ao aumento de doenças como a Síndrome de Burnout.
"Funcionários buscam cada vez mais organizações que apresentam um modelo de gestão humanizado, que oferecem games, happy hour, day off no dia do aniversário. Ambiente mais leve e funcionário feliz - que consequentemente entrega mais resultados em menos tempo de trabalho", diz.
5) Socialização - Quando a empresa investe em um programa gamificado, por meio da atividade física, isso fará com que os participantes tenham que socializar com as outras pessoas que também irão participar do desafio - com uma premiação para aquele que atingir a maior pontuação. Isso cria um ambiente de descontração e socialização, em que os colaboradores irão parar de falar apenas de trabalho e falarão sobre como estão naquela determinada competição, isso suaviza as relações.
"Para sentir prazer ao realizar as atividades do dia a dia, além de atuar naquela área que gosta, o funcionário precisa ter amigos para conversar, trocar as experiências, ou seja, um ambiente saudável e feliz. A atividade física em grupo proporciona isso", finaliza.
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