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O PAC e as oportunidades para os jovens

O recém-anunciado e muito esperado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) merece uma leitura cuidadosa...

Redação
Publicado em 14/03/2007, às 11h05

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Luiz Gonzaga Bertelli*

O recém-anunciado e muito esperado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) merece uma leitura cuidadosa por parte dos jovens em início de carreira, para identificar as novas perspectivas profissionais que serão abertas, caso se mostrem equivocadas as dúvidas que cercam suas possibilidades de sucesso. Para traçar o "mapa da mina", os jovens estudantes devem desvendar as informações que estão nas entrelinhas da proposta do governo federal, lastreada na meta de expansão de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano.

Uma primeira constatação: boa parte do esperado efeito indutor do desenvolvimento será decorrente de investimento das grandes empresas estatais em projetos estratégicos de infra-estrutura. Por exemplo, um dos setores que receberão forte aporte de recursos será o energético, com destaque para a área de atuação da gigante Petrobrás. Somente essa estatal – uma das mais fulgurantes "jóias da coroa" do governo federal – anunciou que elevará seus investimentos de R$ 47,4 bilhões para R$ 54,9 bilhões e boa parte desse aumento será canalizado à exploração e produção de gás natural em território brasileiro. A prioridade se justifica pela escassez desse insumo e provavelmente pelo conturbado cenário político boliviano (razão essa não explicitada pelos autores do plano, mas evidente por si), que colocam em risco a garantia de geração da energia necessária para sustentar o crescimento da economia dentro das metas anunciadas.

Para tirar do papel os projetos anunciados, evidentemente será necessário criar milhares de postos de trabalho, a serem preenchidos por pessoal qualificado, numa escala que pode ser dimensionada por um dado muito interessante: somente o setor de gás e petróleo oferece oportunidades para perto de 90 perfis profissionais específicos, divididos entre 55% de nível superior e 45% de nível fundamental e técnico, segundo estudo da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). Da relação constam desde advogados especializados na área, analistas de transporte marítimo e comandante de embarcação de apoio offshore até oceanógrafo, geotécnicos, engenheiros navais, químicos, de segurança e meio ambiente. Não é difícil prever que esse impacto no mercado de trabalho se refletirá na oferta de estágio, um eficaz instrumento de capacitação de estudantes de acordo com as exigências da produção e uma eficiente fonte de recrutamento de talentos para a formação do indispensável capital humano, tão ou mais necessário do que o capital financeiro para viabilizar a implementação dos ambiciosos projetos incluídos no PAC.

A propósito, a movimentação que se prenuncia no setor energético mundial merece atenção especial dos futuros profissionais, que devem ficar atentos às notícias e anúncios de intenções que têm potencial de abrir milhões de oportunidades de trabalho a quem estiver preparado para atender às exigências dos recrutadores. Na semana passada, o presidente George W. Bush fez o pronunciamento anual sobre "O Estado da União" e anunciou o plano batizado de "Vinte em dez", que prevê a redução de 20% no consumo de gasolina nos Estados Unidos até 2017, sendo que 75% desse percentual de redução seriam compensados pela utilização de etanol. Se aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, essa proposta terá forte reflexos no mercado energético, pois o país responde por um quarto do consumo mundial de petróleo, com importações que cobrem 65% de sua demanda. Segundo analistas, o Brasil poderá ser um dos beneficiários da nova postura norte-americana, pois somos o segundo produtor de etanol no ranking internacional, atrás apenas dos Estados Unidos, e a notícia só não é melhor porque a previsão é que os produtores locais de milhões atendam pelo menos à metade da nova demanda, graças ao poderoso lobby que mantêm em Washington e aos generosos subsídios que recebem o governo federal.

Todos concordam que a decisão de Bush tem muito a ver com os problemas que os Estados Unidos enfrentam nas principais regiões exportadoras de petróleo, caso do Oriente Médio e da Venezuela. Mas também pode estar ligada ao anúncio, marcado para o próximo dia 2 de fevereiro, do relatório IPCC (sigla em inglês do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), que deverá mostrar uma elevação de 0,74º C na temperatura da Terra, indicando que o século 21 poderá chegar ao fim com 3º C a mais do que as médias registradas um pouco antes da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra na segunda metade do século 18 e disseminada pela Europa, Ásia e América até o início do século 20, lastreada principalmente no uso de petróleo e carvão mineral, fontes energéticas apontadas entre os vilões do efeito estufa. A se confirmar a nova postura, os Estados Unidos não estarão sozinhos na defesa do clima, pois a Comunidade Européia também acaba de anunciar um plano de energia renovável, prevendo corte de 20% nas emissões de gases poluentes.

Num mundo cada vez mais globalizado, é recomendável que nossos jovens estudantes analisem os prováveis impactos positivos das novas políticas ambientais no mercado de trabalho e oportunidades de estágio. Vale lembrar que serão os primeiros beneficiários as muitas formações ligadas ao meio ambiente, área na qual atuam profissionais de ecologia, comércio exterior, relações exteriores, educação ambiental, engenharia florestal, biologia, direito ambiental, gestão pública e muitas outras graduações.

Uma última palavra sobre nosso tema de hoje. A análise feita sobre o PAC e as políticas ambientais dos países desenvolvidos pode ser aprofundada e desdobrada na enfocada área energética e ambiental, mas também serve de modelo para outras indicações a serem pesquisadas tanto no noticiário dos programas governamentais, como também nas informações disponibilizadas nos grande projetos setoriais.

*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor de Energia da Fiesp.

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