No artigo dessa semana, o colunista Gabriel Granjeiro nos revela que os erros são uma ferramenta de aprendizagem e não devem ser vistos como construção de caráter
“Coloca a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores e não receies corrigir teus erros.” – Confúcio
Desenvolver-se como ser humano passa pela problemática de ter de lidar com os próprios erros e administrar eventuais culpas que eles produzemnaqueles que são minimamente diligentes. Gerenciar, de um lado, o medo de errar e, de outro, o pesar por ter errado é trabalhoso e sofrido, sobretudo quando ainda não incorporamos a verdade de que nossos pensamentos e nossas falhas não definem quem somos, tampouco nos tornam piores ou melhores do que os outros.
Embora poucos de nós aceitem bem a ideia, o fato é que somos apenas humanos tentando ser melhores hoje do que fomos ontem, procurando fazer o máximo a partir do conhecimento adquirido e dos valores que vamos incorporando dia após dia.
Podemos – e devemos –, portanto, ficar com a consciência tranquila, certos de que, ao errar, é só ir lá e consertar o que for possível consertar, pedindo perdão a quem de direito – afinal, como ensina Confúcio: “Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros”.
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É assim mesmo: mais dia, menos dia, todos tomam alguma decisão equivocada, mesmo que pensem estar tomando a certa. Como se trata de algo corriqueiro e inerente à condição humana, considero que ficar carregando culpa por um erro decorrente de uma decisão bem-intencionada revela pura vaidade.
É como se a pessoa tentasse a todo custo aparentar perfeição e infalibilidade, apesar de essas qualidades serem, de verdade, impossíveis de alcançar. Também enxergo nessa conduta a exposição de um ego ferido e penso: Que bobagem! Que erro crasso! Que orgulho bobo! Tenha em mente, caro leitor, querida leitora, que orgulho é tudo que o inimigo deseja ver incutido em você, por saber que só serve para atrapalhar.
Erros jamais vão dizer que tipo de pessoa você é, até porque somos seres complexos. Cada um de nós é um ser divino, uma pedra bruta a ser lapidada entre erros e acertos ao longo de toda a existência. Mesmo aqueles que tenham se desonrado com a cal da inveja, a lama da discórdia, a terra da mentira, o lodo da calúnia ou as fezes da injustiça estão aptos a se purificar. Basta, para isso, ter vontade.
Em outras palavras, um erro só nos define se assim permitirmos, pois estamos em constante processo de mudança e aperfeiçoamento.
De Albert Einstein a Elon Musk, o mundo está cheio de famosos e anônimos que, em comum, entendem as falhas como algo natural no processo de aprendizagem e crescimento pessoal ou profissional. Erros, da mesma forma que acertos, estão no caminho de todo mundo, dos amigos e daqueles em quem buscamos inspiração.
Nesse contexto, o maior absurdo que alguém pode cometer é passar a vida submerso em medo ou em lamúrias por causa do que já aconteceu.
Ora, se os erros não nos definem, para que servem então? Para nos ensinar algo, para nos dizer que temos de fazer diferente na próxima vez, para nos ajudar a extrair o melhor do nosso pior, para, enfim, aumentar nossa sabedoria em relação às coisas e ao mundo.
Você já acompanhou de perto o desenvolvimento de uma criança? Se sim, já deve ter notado que, quando ela comete um erro, logo descobre uma forma diferente – e mais acertada – de fazer o que fez errado. Ela simplesmente não desiste. Na minha percepção, esse é um dos maiores sinais de que a solução muitas vezes está mesmo no erro. Acho até que as crianças deveriam ser ensinadas, desde cedo, a falhar.
Erros ensinam mais que acertos. O caminho para muitas coisas extraordinárias passa por tentativas fracassadas. E que ótimas professoras elas são! Você só perceberá melhor isso depois que sobreviver a elas e criar, a partir delas, coisas e experiências de grande valor.
Em síntese, amigo leitor, um erro pontual não define se uma pessoa é idiota ou inteligente, imatura ou sábia; apenas indica que ela tentou, errou e aprendeu com a experiência. Às vezes fazemos escolhas erradas – ou fazemos escolhas certas, mas as executamos de maneira desastrosa.
Seja como for, tudo que não devemos fazer é partir para a vã tentativa de eliminar a palavra “falha” do nosso vocabulário. Essa definitivamente não é a solução, simplesmente porque não é uma opção.
Então vamos juntos, sempre em frente, aprendendo a lidar com os insucessos tão bem quanto lidamos com os sucessos. Sigamos sempre conscientes de que errar confere mais experiência e capacidade de superação.
Combinado?
*texto de Gabriel Granjeiro, diretor-presidente do Gran Cursos Online
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