Com a reduflação, empresas driblam aumento de custos e jogam com a falta de atenção dos consumidores. A composição dos alimentos também pode ser piorada
Pedro Miranda* | redacao@jcconcursos.com.br
Publicado em 28/06/2022, às 18h52
Você já deve ter percebido que alguns alimentos diminuíram de tamanho, as embalagens ficaram diferentes ou estão com a qualidade diferente do normal, certo? Essa prática é conhecida pelo termo de reduflação, as empresas adotam essas mudanças para repassar o aumento de custos ao consumidor final, como observa o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
De acordo com a coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Idec, Ione Amorim, casos desse tipo já foram registrados no passado, mas a alta inflação no Brasil nos últimos dois anos fez com que cada vez mais empresas, de diversos setores, adotassem a prática da reduflação. "Hoje, a forma como isso vem sendo feito ganhou uma dimensão muito maior", disse à Agência Brasil.
A prática visa reduzir a quantidade ou qualidade do produto, mas não uma redução no preço ou proporcional a redução da embalagem. A empresa está tentando evitar o desgaste dos aumentos diretos de preços. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, acumulava, em maio, taxa de 11,73% em 12 meses. De maio de 2020 a maio deste ano, a inflação medida pelo índice chega a 20,27%.
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Ione lembra que uma portaria da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor regulamentou as alterações de tamanho e quantidade de produtos vendidos em embalagens, estipulando que as alterações devem ser notificadas com destaque no rótulo por 180 dias. Por outro lado, segundo a economista, as empresas utilizam táticas como a da reduflação que apostam na desatenção dos consumidores.
"Para driblar o cumprimento dessa portaria, as empresas estão lançando embalagens paralelas", destacou à Agência Brasil. O mesmo produto é vendido em duas embalagens bem parecidas, mas uma das embalagens tem menor quantidade que a original. Tradicionalmente, o azeite é embalado em uma garrafa de 500 ml e hoje você vê com 400 ml. “Então, tem que ficar atento na hora de pegar a embalagem, porque elas são muito parecidas", alerta.
Alterações na composição do produto também já foram feitas por marcas de suco, que deixam de ter o percentual mínimo de fruta para virar néctar, assim como empresas chocolate, que reduzem a quantidade necessária de cacau, e de leite condensado, que deixam de ter leite na composição. “Esse produto, além de ter alteração na sua composição, também passa por essa redução de custo, porque o produto foi piorado e manteve o preço”, pontua a economista.
Estagiário sob supervisão do jornalista Jean Albuquerque
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