No entendimento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a briga constante entre os poderes geram um movimento de incertezas que promovem a instabilidade no mercado e, consequentemente, aumenta a inflação
Na última quinta-feira (19), durante a palestra virtual Council of the Americas, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que os ruídos do cenário político provocam o aumento nas projeções de inflação no Brasil. “Há muito ruído na parte do funcionamento institucional do Brasil, a briga entre Poderes”, destacou o mandatário do Bacen.
Campos Neto argumenta que as turbulências politicas fazem com que as perspectivas da situação econômica do país sejam consideravelmente diferentes das análises técnicas do BC. “Nós percebemos que a desconexão entre os números que nós vemos no mercado e os números que nós temos internamente é maior do que a de costume”, explica.
Outra mudança avaliada por Campos Neto que interfere na perspectiva do Banco Central é a substituição do Bolsa Família pelo Auxílio Brasil, que deve aumentar o número de beneficiários e sofrer um reajuste de 50% acima do valor. O presidente do órgão afirmou que a substituição do programa social pode trazer incertezas para os operadores do mercado. “Quando o governo explicar o que o Bolsa Família vai ser e como vai se pagar por ele, isso vai acabar com algumas incertezas que nós vemos no mercado”, disse.
A medida provisória que cria o Auxílio Brasil foi apresentada ao Congresso Nacional na semana passada, no dia 9 de agosto. De acordo com o governo, o programa social deve ser financiado em uma parte pelo parcelamento do pagamento de precatórios previsto na PEC e também de um fundo que será criado com recursos de privatizações.
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O presidente do Bacen destacou que serão feitos todos os esforços para manter a inflação dentro das metas. “Se tem algo que impacta o crescimento sustentável em médio e longo prazo é inflação, que age de modo perverso em muitos aspectos”, afirmou ao ser perguntado sobre os possíveis impactos das taxas de juros nos índices de emprego e crescimento econômico.
Segundo Campos Neto, o descontrole nos preços é um dos fatores que aumenta a desigualdade social. “Pessoas que têm mais dinheiro estão mais protegidas da inflação das que têm menos dinheiro. Isso cria desigualdade. E o governo, para compensar essa desigualdade tem que gastar mais”.
O último Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com especialistas do sistema financeiro, mostrou que a previsão do mercado para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu de 6,88% para 7,05%. Para 2022, a estimativa de inflação é de 3,90%.
A previsão para 2021 está acima da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2,25% e o superior, de 5,25%.
*trechos com reprodução da Agência Brasil
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