Presidente Lula sanciona lei que garante pensão para filhos de hansenianos; lei é uma resposta ao isolamento compulsório adotado no século passado
Após décadas de luta, os filhos de pessoas com hanseníase separados dos pais devido à política de isolamento compulsório adotada no Brasil no século passado finalmente conquistaram o direito a uma pensão especial.
A lei que garante pensão para filhos hansenianos conta com pagamento no valor de R$ 1.320, um salário mínimo para aqueles que foram separados dos pais até 31 de dezembro de 1986. No entanto, o benefício não poderá ser transferido aos herdeiros dos filhos.
A nova lei também eleva o valor da pensão para os hansenianos, que passa de R$ 750 para um salário mínimo. Além disso, o benefício passa a ser estendido para as pessoas submetidas a isolamento domiciliar ou em seringais.
A aprovação é uma importante reparação histórica para os filhos de hansenianos. Eles foram vítimas de um preconceito e de uma discriminação que os separou de seus pais e os privou de uma infância normal.
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A norma é também um reconhecimento do Estado brasileiro de sua responsabilidade pela política de isolamento compulsório de pessoas com hanseníase. Essa política, adotada entre 1924 e 1962, causou graves danos físicos e psicológicos às pessoas atingidas, bem como a seus familiares.
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Sancionada nesta segunda-feira (27), a Lei 14.736/23 marca um avanço significativo na legislação brasileira. Originada a partir do Projeto de Lei 2104/11, de autoria do deputado Diego Andrade (PSD-MG), o qual foi aprovado na Câmara dos Deputados com relatoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a legislação também passou pelo crivo do Senado antes de receber a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem nenhum veto.
À Agência Câmara, Diego Andrade destaca que a motivação para o projeto decorre das práticas desumanas vivenciadas por pessoas com hanseníase no passado. Segundo ele, esses indivíduos eram submetidos a separações familiares violentas e internações compulsórias, ficando institucionalizados por várias décadas.
Durante esse período, muitos contraíram matrimônio e tiveram filhos, os quais, ao nascerem, eram separados dos pais e enviados para locais conhecidos como “preventórios”. Nessas instituições, enfrentavam abusos e eram alvos de preconceito. Apesar de a prática ter sido abolida em 1962, persistiu até 1986, quando foi finalmente erradicada.
O deputado ressalta a importância do projeto ao destacar que aqueles familiarizados com a história dessas pessoas compreendem a relevância da legislação recém-aprovada. Essa iniciativa representa um passo crucial na reparação histórica e no reconhecimento dos direitos daqueles que foram vítimas de práticas discriminatórias e desumanas.
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