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Atropelando adversidades

Hamurabi Messeder; professor, pedagogo, autor de livros e funcionário público concursado, para ficar apenas no perfil profissional do carioca de 34 anos e ascendência libanesa.

Redação
Publicado em 07/05/2010, às 14h45

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O leitor de “A vida em parágrafos”, que perpassa essas linhas fielmente toda semana, já deve ter ponderado – instigado pelas histórias que aqui encontra – sobre a importância dos exemplos na nossa formação como ser humano. Educadores, psicólogos e juristas apresentam, quase que diariamente, suas versões e razões para justificar a importância destes para a formação do ser humano e para o bem estar da organização social. Toda a técnica e pujança acadêmica que possa ser apresentada nessas explanações se diminui perante a força da história de Hamurabi Messeder; professor, pedagogo, autor de livros e funcionário público concursado, para ficar apenas no perfil profissional do carioca de 34 anos e ascendência libanesa. Hamurabi é um entusiasta das metáforas. Gosta de rememorar episódios que, em um primeiro olhar, parecem desprovidos de maior significado.  Sobre seu primeiro revés comercial, por exemplo. Quando criança, exímio jogador de bolinhas de gude, derrotava seus coleguinhas nas partidas, ganhava-lhes as bolinhas e tornava a vendê-las para eles depois. Até que esses coleguinhas pararam de brincar com ele. A lição foi aprendida.

Dono de uma história de vida rica e contundente, preserva, com humildade, valores que não se vê por aí todo dia. “Se a família de alguma maneira nos limita é porque estamos lidando de forma errada com ela, lembrando sempre que o amor e o carinho vêm em primeiro lugar”. A afirmação pode parecer um clichê do politicamente correto, mas quando descobre-se um pouco mais da história de vida que conduziu o professor até ela, essa impressão cai por terra. Esfacelada.

Hamurabi enfrentou, aos 7 anos de idade, um câncer no fígado. “Acho que esta história é mais de superação de meus pais do que minha”, avalia. Ele credita à fé de seus pais o avanço meteórico de sua condição clínica.  “Eu estava desenganado pelos médicos, quando meus pais fizeram uma promessa a uma santa que foi uma ex-escrava na época do império, pouco conhecida no Brasil e não reconhecida pela igreja católica”, relembra. “No dia seguinte à promessa, meu corpo começara a desinchar e dois ou três dias depois eu já respirava sem aparelhos e não precisava mais de remédio para as dores. Passados dez dias eu estava de volta em casa e ninguém sabia como, a não ser meus pais”.

A vida teve seu curso sem maiores sobressaltos até que outro episódio traumático ganhasse protagonismo na vida de Hamurabi. Quando ele foi atropelado na manhã de 3 de setembro de 2004, ele já tinha experimentado a carreira militar, terminado a faculdade de direito, tornado-se professor e se casado. O acidente deixou sequelas graves em Hamurabi, como a perda parcial da visão e severos problemas com sua memória recente, mas não o demoveu de sua força de espírito. As fraturas diversas ficaram para trás, a dificuldade de locomoção ainda persiste, mas o professor escaldado afirma: “Nada disso é impeditivo para que um homem continue sua vida”.

Questionado sobre sua relação com a fé, afinal de contas essa é uma pergunta imperiosa quando se confronta com um relato como esse, ele pondera que a espiritualidade é imprescindível para o ser humano. “A minha relação de fé antes do acidente era muito institucionalizada; após o trauma, meu contato com a centelha divina transcendeu as paredes de qualquer casa, abrigo ou mesmo instituição”. Ele continua: “a espiritualidade é uma qualidade inata do ser humano. Ela permite conectar-se com o criador - tenha ele o nome que tiver - com o próximo e conosco”.

Hamurabi é, também, auditor fiscal. “Entrei no serviço público pela oportunidade de crescimento pessoal, ético e moral”, afirma o professor, sem deixar de reconhecer o peso que a estabilidade financeira exerceu na escolha. Mas o que Hamurabi quer mesmo é ser diplomata. Atualmente, estuda para o concurso do Instituto Rio Branco. “Em breve, o leitor deste jornal poderá me encontrar na embaixada de um país árabe por aí”, brinca com senso de humor.

Naturalmente, o professor e aspirante a diplomata não mudaria nada em sua trajetória de vida se lhe fosse dada a chance. Valoriza cada pormenor de sua formação. Inclusive, o pragmatismo que a graduação em direito e seu ofício como auditor lhe proveem. Para ele, essa característica, tanto quanto a fé dilatada pelas tortuosas provações que passou, enriquecem-no como professor, pedagogo e comunicador. Isso porque Hamurabi, como bom comunicador que é, também dá seu “pitaco” sobre a importância dos exemplos na formação do ser humano. Embora não se reconheça como um, ele atesta: “quando nossa autoestima está elevada, somos capazes de tudo e tudo mesmo na vida. Acredito nos exemplos. O ser humano precisa se espelhar em exemplos positivos e modelos de sucesso para vencer, mas acredito mais no exercício e este se dá pelo contato constante com aquilo que queremos, mas ainda não temos”. 

Reinaldo Matheus Glioche

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