A falta de remédios impede o tratamento de doenças de grande prevalência no Brasil. Veja como farmácias e unidades de saúde já têm estoques comprometidos
Glícia Lopes* | redacao@jcconcursos.com.br
Publicado em 12/07/2022, às 00h16
O alerta sobre o risco de desabastecimento de insumos médicos foi feito pela Confederação Nacional de Saúde em 20 de junho deste ano, em comunicado emitido pelo órgão. Segundo a CNS, foi entregue ao Ministério da Saúde e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em fevereiro deste ano, um ofício que pedia providências sobre a falta de remédios e insumos, anunciando a crise.
Segundo apuração feita pelo O Globo, o Ministério da Saúde também já vinha sendo alertado pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e pelo Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) sobre o possível desabastecimento de medicamentos.
A escassez de medicamentos atinge a população brasileira logo durante o inverno, época em que as síndromes virais se tornam mais frequentes, devido à queda da temperatura. De acordo com o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), são fármacos considerados altamente essenciais que estão em falta, além de soro hospitalar e soluções parenterais, que são utilizados por boa parte dos brasileiros.
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A pandemia de Covid-19 facilitou a disseminação de crises ao redor do mundo. O Brasil acompanhou freneticamente essa tendência, voltando ao mapa da fome e, agora, à falta de remédios essenciais nas prateleiras e hospitais. A alta demanda por medicamentos, bem como a escassez de insumos ajudou a provocar a crise.
O Brasil é produtor de apenas 5% dos insumos farmacêuticos ativos (IFA), ficando à mercê da China que fornece a fatia de 68% dos ingredientes essenciais para a produção de remédios. Outra dependência fica por parte das embalagens dos medicamentos que obtemos por meio de importações.
Em apuração realizada pelo O Globo, medicamentos listados na Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) de 2022, já não estão presentes em boa parte da rede de farmácias e também em unidades de saúde. Um estudo realizado pela Confederação Nacional de Saúde, com 106 estabelecimentos de saúde, como hospitais, clínicas especializadas e empresas de atendimento domiciliar, constatou o déficit de:
Falta | Usado para | Em % dos estabelecimentos apurados |
soro fisiológico | tratar desidratação | 87,6% |
dipirona injetável | dor e febre | 62,9% |
neostigmina | doença autoimune que provoca fraqueza muscular | 50,5% |
atropina | arritmias cardíacas e úlcera péptica | 49,5% |
contrastes | exames radiológicos | 43,8% |
metronidazol bolsa | infecções bacterianas | 41,9% |
aminofilina | asma, bronquite e enfisema | 41% |
amicacina injetável | infecções bacterianas graves | 40% |
Como demonstrado, os remédios em falta são bastante conhecidos e utilizados pela população, o que preocupa os órgãos de saúde sobre a possível falta de assistência básica no SUS. O Conasems também identificou a falta de dipirona comum, amoxicilina, clavulanato de potássio e azitromicina em novo levantamento realizado.
A falta dos remédios e insumos atinge tanto as farmácias, quanto hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde), demonstrando a gravidade do problema. O déficit pode acarretar na descontinuação de tratamentos; no aumento dos preços dos insumos; efeitos adversos de medicamentos na tentativa de substituir o que está em falta; aumento de internações e mortes, caso tratamentos essenciais sejam interrompidos.
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